terça-feira, 9 de junho de 2009

ENTERRANDO PERGUNTAS, por Marcos Rolim

ENTERRANDO PERGUNTAS Imprimir E-mail
05 de junho de 2009
Marcos Rolim
Jornalista

"É de François de La Rochefoucauld a afirmação de que “Nem o sol nem a morte podem ser olhados de frente (Le soleil ni la mort ne peuvent se regarder en face)".
Por isso, muito possivelmente, criamos cerimônias e ritos especialíssimos para a morte. O ato de permanecer perto do corpo daquele que já não é mais – que adentrou o terreno do nada que existia antes dele mesmo ter sido concebido – e, posteriormente, a cerimônia fúnebre, com a qual pranteamos a vida que se foi e nos apartamos do corpo que antes a abrigava, nos permite, sobretudo, construir simbolicamente o fechamento de um ciclo. As homenagens aos mortos em rituais públicos acompanham a civilização há dezenas de milhares de anos. Graças a estes rituais, aqueles que ficam e que verdadeiramente sofrem a morte – vez que o morto nada sofre e dela nada sabe - conseguem olhá-la ao menos lateralmente. As cerimônias fúnebres produzem, no mais, relatos a respeito da vida daquele que morreu e uma narrativa específica sobre as circunstâncias do passamento. Os que se reúnem, então, compartilham significados, se desesperam, se consolam e se amparam mutuamente. Na formalização das despedidas, projetamos o luto como um período que deverá também ter um fim. Afinal, por mais dilacerante que seja este percurso de pranto interno e cada vez mais solitário, a vida nos convocará a prosseguir de alguma maneira e assim o fazemos."

Para ler o restante acesse o sítio de Marcos Rolim: http://rolim.com.br/2006/index.php?option=com_content&task=view&id=710&Itemid=3

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