quinta-feira, 7 de julho de 2011

O governo Dilma precisa do PR?

Saudações devotos de Baco!

Há tempos não escrevo. Mas hoje me inspirei. Vai lá uma pequena análise sobre esta crise com o PR. Aliás, sobre a crise em si clique aqui.

Bom, o PR está chiando quanto a escolha do novo Ministro dos Transportes. Queimaram o filme e querem dar as cartas. Ameaçam se rebelar caso a Dilma não indique um dos três ministeriáveis que julgam pertinentes para ocupar o posto. Dilma, dama de ferro que é, não aceitou de prima. No que faz muito bem.  Mas a pergunta é: Será mesmo que o governo precisa do PR em sua base aliada?

Do ponto de vista programático,  claro que não. O PR nem de longe é um partido de esquerda ou mesmo de centro. É direitão mesmo, só a indicação de um ex-carlista ao Ministério dos Transportes já é uma boa evidência disso. Bom, então desse ponto de vista, a resposta é óbvia, deixa o PR se rebelar... Mas fosse tão simples assim - construir e manter uma coalizão apenas por laços ideológicos - é provável que o PR já nem tevesse participado da formação do governo e mesmo da coligação eleitoral em 2010.

Então a resposta deve ser o tamanho da bancada.  Segundo este link do Estadão o PR tem 41 deputados, em uma base governista de 352 deputados. Tem 4 senadores dos 52 pró-Dilma.

No Senado 4 parlamentares fazem falta em votações apertadas, polêmicas, onde alguns partidos da base aliada podem romper com o governo. E isso por si só, já vale um esforço do governo em manter o PR.

Mas a força do PR, como visto acima, está mesmo é na Câmara dos Deputados. Descontados os deputados dos "republicanos" ainda assim o governo conseguiria aprovar leis ordinárias ou complementares. Apesar de poder prescindir do PR, tal como no Senado, essa bancada poderia fazer falta em aprovação de leis onde algum dos demais partidos da base aliada se insurgissem, nomeadamente naqueles projetos de lei de grande repercussão pública.

Além disso, se o governo Dilma pretende alçar mudanças mais profundas no país, necessariamente vai precisar alterar a Constituição Federal. Uma PEC, como se sabe, para ser aprovada necessita de 2/3 de cada casa no Congresso para sua aprovação. Nesse ponto, fica evidente que o PR faz falta.

Mas não é só de apoio parlamentar que se trata. O PR e o PT sabem disso. Trata-se também do apoio eleitoral. O PT precisa da aliança do PR para vencer eleições. O Partido Republicano se mostrou um aliado de primeira hora, tanto nas eleições como nas votações do Congresso, mesmo estando no espectro político oposto ao do PT. Além disso, pode se argumentar que a construção/manutenção de uma coalizão com partidos de campos políticos distintos implica um tipo de consenso entre as partes que inibe o extremismo de eventuais decisões governamentais e se torna saudável a democracia.

Então, a resposta é óbvia, o governo Dilma precisa do PR. Minha opinão é que ceda ao PR na indicação de um dos três ministeriáveis republicanos. Destes três, o único que não me agrada é o César Borges. Mas fosse eu do governo, sugeriria que o PR mesmo definisse o substituto de Nascimento, e que se repeitasse a decisão do partido. A contrapartida dos republicanos seria manter como secretario-executivo o ministro interino Paulo Sérgio Passos - e tenho dito!

Saudações Dionisíacas

Obs: Para algum corajoso que tenha lido este post, sugira um nome ao Alfredo Nascimento também.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre a fusão Pão de Açucar e Carrefour

Sobre a fusão Pão de Açucar e Carrefour, e a participação do BNDS no negócio, uma excelente análise, que retirei do excelente blog do Brizola Neto.



Saudações Dionisíacas

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Marcha da Maconha

Os organizadores da Marcha da Maconha estão precisando de doações para promover a marcha em 17 cidades brasileiras.
Segue o link para maiores informações: http://blog.marchadamaconha.org/sos-marcha-da-maconha_1939
A novidade é que segundo o site sul 21, já há gente no governo discutindo a liberação da maconha. Clique aqui para mais detalhes sobre isto.

Saudações Dionísiacas

domingo, 24 de abril de 2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Há tempos não apareço por aqui...achei, inclusive - oh que disparate - que os dionisíacos haviam se divido e cada um foi pensar pra si e escrever para lugar
nenhum em sua terra do nunca...mas não! e que afortunados (hehe) somos!

Hoje, por outro lado, é uma data singular...nosso amigo dionisíaco e maior
colaborador, Arthur Rotta, completa mais uma primavera!

Obviamente que não divulgaremos quantas foram no total...mas podemos
afirmar que foram o bastante para a barba crescer e nem tantas que
fizessem abandonar o guri que tem dentro de si (não entendam mal, por favor!)

Feliz seja o Arthur...satisfeito não, já que a insatisfação nos faz buscar dias melhores...e mais, para todos!

"felicitá é reale solo se condivisa"


http://www.youtube.com/watch?v=xprQe72Ftyg&feature=relmfu

sábado, 5 de março de 2011

EXISTE OU NÃO EXISTE? EIS A QUESTÃO, por Marcos Bagno

Segue ótimo texto do professor Marcos Bagno, do seu site http://marcosbagno.com.br


A ideologia purista no que diz respeito à língua é tão autoritária e dogmática que um de seus principais recursos retóricos é negar pura e simplesmente a existência mesma dos usos linguísticos que seus defensores rotulam de “erros”. Nesse discurso, se uma determinada construção sintática não é acolhida pela tradição gramatical, diz-se que “isso não é português”, ainda que 300 milhões de pessoas em quatro continentes falem assim. Se determinada palavra não vem registrada nos dicionários é porque ela “não existe”.

Esse discurso faz a operação principal das ideologias, no sentido clássico desse termo nas ciências sociais: o falseamento da realidade por meio da inversão da história. Dá a impressão de que, na aurora dos tempos, Deus disse: “Faça-se a gramática, faça-se o dicionário”. Assim a língua foi criada e somente depois surgiram as pessoas que iam falar a língua. Essa operação ideológica fica bem evidente no discurso, igualmente tradicionalista, de que “hoje em dia ninguém fala certo”, como se em algum momento do passado, numa Idade de Ouro linguística, todas as pessoas tenham falado a língua exatamente como ela vem prescrita nas gramáticas e nos dicionários. Pura fantasia, agridoce ilusão. Ninguém jamais, em lugar nenhum, falou, fala ou falará uma língua tal como vem desenhada e moldada nas gramáticas e nos dicionários. Essa “língua” registrada ali é que, de fato, não existe. É um modelo utópico, um padrão ideal, baseado numa modalidade de uso extremamente restrita, um cânone literário antiquado, e que despreza tudo o que a ciência moderna sabe a respeito das línguas: que elas são mutantes, variáveis, heterogêneas, instáveis.



Para continuar lendo clique aqui.

Saudações Dionisíacas

quinta-feira, 3 de março de 2011

Cultura do carrão, por Juremir Machado da Silva

Como este blog anda mais parado que água de poço, resolvi postar este texto do Juremir, disponível no Blog dele no site do Correio do Povo.


Cultura do carrão

Essa história do atropelador de ciclistas dá o que pensar sobre a humanidade. Não sobre a natureza humana, como falam alguns, mas justamente o oposto: sobre a cultura humana. Ou uma das suas possibilidades: a cultura do carro. É verdade que a atitude boçal do sujeito remete à frase de Charles Darwin sobre o chacal que dorme em cada um de nós. Quando ele acorda sob a forma de motorista, é um horror. Não insultemos, no entanto, os chacais inutilmente. A cultura do carro leva a manifestações bizarras do tipo: “Não vamos nos precipitar no julgamento. De repente, os ciclistas estavam batendo no carro. Sem querer, justificar, é claro”, Já, evidentemente, justificando, arranjando atenuantes ou pretextos “aceitáveis”.
Nada justifica.
Psicopata motorizado, uma das formas mais agressivas dessa doença. A cultura do carro chegou ao apogeu do ridículo com os utilitários 4x4 para uso dentro de grandes cidades com ruas apertadas, trânsito lento e espaço ínfimo para estacionamento. Para que serve um camionetão desses no centro de Porto Alegre ou de São Paulo? Para impressionar maria gasolina, humilhar machos concorrentes sem a mesma bitola e queimar dinheiro excedente, ou, em certos casos, lavar, sob a forma de distinção social. Em bom português, a cultura do carro é própria de sociedades individualistas e “marrentas”. Lembra um pouco aqueles traficantes do Morro do Alemão filmados com gigantescos correntões de ouro no pescoço cuja única finalidade é ostentatória: exibe o poder do usuário, o que o diferencia dos outros, num lugar onde seu dinheiro já não pode adquirir outro objeto de classe.
Trocando em miúdos, é coisa de sociedade primitiva, nos vários sentidos da palavra. Lembra, por exemplo, certos cultos de consumo do excedente produzido e de ostentação de certas culturas ditas indígenas. Em rituais com o kula e o potlatch (corram ao google), porém, há dom e contradom, ou seja, troca, reciprocidade, festa, generosidade. É um dando que se recebe positivo em que cada um quer dar mais que o outro (parecem certos carnavais ou baile funk) para mostrar riqueza e desprendimento. É menos a lógica do consumir que a do se consumir, entregar, dar tudo. Na cultura do carrão inútil, contudo, a festa é calculada para ter efeitos de marketing e produzir resultados. As ruas pertencem aos poderosos em seus veículos blindados e de vidro escuro.
Quanto maior a capacidade de consumo de combustível e o poder destrutivo em caso de atropelamento, maior a capacidade distintiva. Aí o cara vê um monte de bicicletas na sua frente e pensa: que fazem essas coisas raquíticas na frente do meu bólido (se soubesse o que é bólido)? Com a cara de cachorro louco do Kadhafi, o macho típico da cultura do carrão acelera, atropela, passa sinal fechado e, em caso de multa, vocifera contra a terrível, maldosa e ardilosa “indústria da multa”. O futuro pertence ao transporte coletivo. Os adoradores de carrões talvez tenham de comprar só correntões de ouro.


Postado por Juremir Machado da Silva - 02/03/2011 10:51