quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Pronunciamento do Rei Abdállah I ao povo dos EUA, seis meses antes da guerra de 1948 entre Israel e a Palestina

Retirei do Blog Latus Cultus

É prazer especial dirigir-me ao público norte-americano, porque o trágico problema da Palestina não será jamais resolvido sem a simpatia dos norte-americanos, sem seu apoio, sem que compreendam.

Já se escreveram contudo tantas palavras sobre a Palestina - é talvez o assunto sobre o qual mais se escreveu em toda a história -, que hesito. Mas tenho de falar, porque acabei por concluir que o mundo em geral, e os EUA em especial, sabem praticamente nada sobre a causa pela qual os árabes realmente lutam.

Nós, árabes, acompanhamos a imprensa dos EUA, talvez muito mais do que os senhores pensem. E nos perturba muito constatar que, para cada palavra impressa a favor dos árabes, imprimem-se mil a favor dos sionistas. Há muitas razões para que isto aconteça.

Vivem nos EUA milhões de cidadãos judeus interessados nesta questão. Eles têm vozes fortes, falam muito e conhecem bem os recursos da divulgação de notícias. E há poucos cidadãos árabes nos EUA, e ainda não conhecemos bem as técnicas da propaganda moderna.

Os resultados disto têm sido alarmantes. Vemos na imprensa dos senhores uma horrível caricatura de nós mesmos e lemos que aquele seria nosso verdadeiro retrato. Para que haja justiça, não podemos deixar que esta caricatura seja tomada por nosso retrato verdadeiro.

Nosso argumento é bem simples: por quase 2.000 anos, a Palestina foi quase 100% árabe. Ainda é preponderantemente árabe, apesar do enorme número de judeus imigrantes. Mas se continuar a imigração em massa, em pouco tempo seremos minoria em nossa própria casa.

A Palestina é país pequeno e muito pobre, quase do tamanho do estado de Vermont. A população árabe é de apenas 1,2 milhão de pessoas. E fomos obrigados a receber, contra nossa vontade, cerca de 600 mil judeus sionistas. E nos ameaçam com muitos mais centenas de milhares.

Nossa posição é tão simples e natural, que surpreende que tenha sido questionada. É exatamente a mesma posição que os EUA adotaram em relação aos infelizes judeus europeus. Os senhores lamentam que eles sofram o que sofrem hoje, mas não os querem em seu país.

Tampouco nós os queremos em nosso país. Não porque sejam judeus, mas porque são estrangeiros. Não queremos centenas de milhares de estrangeiros em nosso país, sejam ingleses, noruegueses, brasileiros, o que sejam.

Pensem um pouco: nos últimos 25 anos, fomos obrigados a receber população equivalente a um terço do total de habitantes nativos. Nos EUA, seria o mesmo que o país ser obrigado a receber 45 milhões de estrangeiros, contra a vontade dos norte-americanos, desde 1921. Como os senhores reagiriam a isto?

Por nossa reação perfeitamente natural, contra sermos convertidos em minoria em nossa terra, somos chamados de nacionalistas cegos e anti-semitas impiedosos. A acusação seria cômica, se não fosse tão perigosa.

Nenhum povo da Terra jamais foi menos anti-semita que os árabes. Os judeus sempre foram perseguidos quase exclusivamente por nações ocidentais e cristãs. Os próprios judeus têm de admitir que nunca, desde a Grande Diáspora, os judeus desenvolveram-se com tanta liberdade e alcançaram tanta importância quanto na Espanha enquanto a Espanha foi possessão árabe. Com pequenas exceções, os judeus viveram durante séculos no Oriente Médio, em completa paz e amizade com seus vizinhos árabes.

Damasco, Bághdade, Beirute e outros centros árabes sempre incluíram grandes e prósperas comunidades de judeus. Até o início da invasão sionista na Palestina, estes judeus receberam tratamento mais generoso - muito, muito mais generoso - do que o que receberam na Europa cristã. Hoje, infelizmente, pela primeira vez na história, aqueles judeus começam a sentir os efeitos da resistência árabe ao assalto sionista. Muitos judeus estão tão ansiosos quanto os árabes e querem o fim do conflito. Muitos destes judeus que encontram lar acolhedor entre nós ressentem-se, como nós, com a chegada de tantos estrangeiros.

Por muito tempo intrigou-me muito a estranha crença, que aparentemente persiste nos EUA, segundo a qual a Palestina sempre teria sido, de algum modo, "terra dos judeus". Recentemente, conversando com um norte-americano, desfez-se o mistério. Disse-me ele que a maioria dos norte-americanos só sabem, sobre a Palestina, o que lêem na Bíblia. Dado que havia uma terra dos judeus no tempo de que a Bíblia fala, pensam eles, concluem que nada tenha mudado desde então.

Nada poderia ser mais distante da verdade. E, perdoem-me, é absurdo recorrer ao alvorecer da história, para concluir sobre quem 'mereceria' ser dono da Palestina de hoje. Contudo, os judeus fazem exatamente isto, e tenho de responder a este "clamor histórico". Pergunto-me se algum dia houve no mundo fenômeno mais estranho do que um grupo de pessoas pretenderem, seriamente, reclamar direitos sobre uma terra, sob a alegação de que seus ancestrais ali teriam vivido há 2.000 anos!

Se lhes parecer que argumento em causa própria, convido-os a ler a história documentada do período e verificar os fatos.

Registros fragmentados, que são os que há, indicam que os judeus viviam como nômades e chegaram do sul do Iraque ao sul da Palestina, onde permaneceram por pouco tempo; e então moveram-se para o Egito, onde permaneceram por cerca de 400 anos. À altura do ano 1300 a.C. (pelo calendário ocidental), deixaram o Egito e gradualmente dominaram alguns - mas não todos - os habitantes da Palestina.

É significativo que os Filistinos - não os judeus - tenham dado nome ao país. "Palestina" é, simplesmente, a forma grega equivalente a "Philistia".

Só uma vez, durante o império de David e Salomão, os judeus chegaram a controlar quase toda - mas não toda - a terra que hoje corresponde à Palestina. Este império durou apenas 70 anos e terminou em 926 a.C. Apenas 250 anos depois, o Reino de Judá já estava reduzido a uma pequena província em torno de Jerusalém, com território equivalente a 1/4 da Palestina de hoje.

Em 63 a.C., os judeus foram conquistados pelo romano Pompeu, e nunca mais voltaram a ter nem vestígio de independência. O imperador Adriano, romano, finalmente os subjugou em Circa 135 d.C. Adriano destruiu Jerusalém, reconstruiu-a sob outro nome e, por centenas de anos, nenhum judeu foi autorizado a entrar na cidade. Poucos judeus permaneceram na Palestina; a enorme maioria deles foram assassinados ou fugiram para outros países, na Diáspora, ou Grande Dispersão. Desde então, a Palestina deixou de ser terra dos judeus, por qualquer critério racional admissível.

Isto aconteceu há 1.815 anos. E os judeus ainda aspiram solenemente à propriedade da Palestina! Se se admitir este tipo de fantasia, far-se-á dançar o mapa do mundo!

Os italianos reclamarão a propriedade da Inglaterra, que os romanos dominaram por tanto tempo. A Inglaterra poderá reclamar a propriedade da França, "pátria" dos normandos conquistadores. Os normandos franceses poderão reclamar a propriedade da Noruega, "pátria" de seus ancestrais. Os árabes, além disto, poderemos reclamar a propriedade da Espanha, que dominamos por 700 anos.

Muitos mexicanos reclamarão a propriedade da Espanha, "pátria" de seus pais ancestrais. Poderão exigir a propriedade também do Texas, que pertenceu aos mexicanos até há 100 anos. E imaginem se os índios norte-americanos reclamarem a propriedade da terra da qual foram os únicos, nativos, ancestrais donos, até há apenas 450 anos!

Nada há de caricato, aí. Todas estas aspirações e demandas são tão válidas e justas - ou tão fantasiosas - quanto a "ligação histórica" que os judeus alegam ter com a Palestina. Muitas outras ligações históricas são muito mais válidas do que esta.

De qualquer modo, a grande expansão muçulmana, dos anos 650 d.C., definiu tudo e dominou completamente a Palestina. Daquele tempo em diante, a Palestina tornou-se completamente árabe, em termos de população, de língua e de religião. Quando os exércitos britânicos chegaram à Palestina, durante a última guerra, encontraram 500 mil árabes e apenas 65 mil judeus.

Se uma sólida e ininterrupta ocupação árabe, por 1.300 anos, não torna árabe um país... o que mais seria preciso?

Os judeus dizem, com razão, que a Palestina é a terra de sua religião. Parece ser o berço da cristandade. Mas, que outra nação cristã faz semelhante reivindicação? Quanto a isto, permitam-me lembrar que os cristãos árabes - e há muitas centenas de milhares de cristãos árabes no mundo árabe - concordam absolutamente com todos os árabes, e opõem-se, também, à invasão sionista da Palestina.

Permitam-me acrescentar também que Jerusalém, depois de Meca e Medina, é a cidade mais sagrada no Islam. De fato, nos primórdios de nossa religião, os muçulmanos rezávamos voltados para Jerusalém, não para Meca.

As "exigências religiosas" que os judeus fazem, em relação à Palestina, são tão absurdas quanto as "exigências históricas". Os Lugares Santos, sagrados, para três grandes religiões, devem ser abertos a todos, não monopólio de qualquer delas. E não confundamos religião e política.

Tomam-nos por desumanos e sem coração, porque não aceitamos de braços abertos talvez 200 mil judeus europeus, que sofreram tão terrivelmente a crueldade nazista e que ainda hoje - quase três anos depois do fim da guerra - ainda definham em campos gelados, deprimentes. Permitam-me destacar alguns fatos.

A inimaginável perseguição aos judeus não foi obra dos árabes: foi obra de uma nação cristã e ocidental. A guerra que arruinou a Europa e tornou impossível que estes judeus se recuperassem foi guerreada exclusivamente entre nações cristãs e ocidentais. As mais ricas e mais vazias porções do planeta pertencem, não aos árabes, mas a nações cristãs e ocidentais.

Mesmo assim, para acalmar a consciência, estas nações cristãs e ocidentais pedem à Palestina - país muçulmano e oriental muito pequeno e muito pobre - que aceite toda a carga. "Ferimos terrivelmente esta gente", grita o Ocidente para o Oriente. "Será que vocês podem tomar conta deles, por nós?" Não vemos aí nem lógica nem justiça. Não somos, os árabes, "nacionalistas cruéis e sem coração"?

Os árabes somos povo generoso: nos orgulhamos de "a hospitalidade árabe" ser expressão conhecida em todo o mundo. Somos solidários: a ninguém chocou mais o terror hitlerista do que aos árabes. Ninguém lastima mais do que os árabes o suplício pelo qual passam hoje os judeus europeus.

Mas a Palestina já acolheu 600 mil refugiados. Entendemos que ninguém pode esperar mais de nós - nem poderia esperar tanto. Entendemos que é chegada a vez de o resto do mundo acolher refugiados, alguns deles, pelo menos.

Serei completamente franco. Há algo que o mundo árabe simplesmente não entende. Dentre todos os países, os EUA são os que mais pedem que se faça algo pelos judeus europeus sofredores. Este pedido honra a humanidade pela qual os EUA são famosos e honra a gloriosa inscrição que se lê na Estátua da Liberdade.

Contudo, os mesmos EUA - a nação mais rica, maior, mais poderosa que o mundo jamais conheceu - recusa-se a receber mais do que um pequeníssimo grupo daqueles mesmos judeus!

Espero que os senhores não vejam amargura no que digo. Tentei arduamente entender este misterioso paradoxo. Mas confesso que não entendo. Nem eu nem nenhum árabe.

Talvez tenham ouvido dizer que "os judeus europeus querem ir para a Palestina e nenhum outro lugar lhes interessa".

Este mito é um dos maiores triunfos de propaganda, da Agência Judaica para a Palestina, a organização que promove com zelo fanático a emigração para a Palestina. É sutil meia-verdade; portanto, é duplamente perigosa.

A estarrecedora verdade é que ninguém no mundo realmente sabe para onde estes infelizes judeus realmente querem ir!

Imaginar-se-ia que, tratando-se de questão tão grave, os americanos, ingleses e demais autoridades responsáveis pelos judeus europeus teriam pesquisado acurada e cuidadosamente - talvez por votos -, para saber para onde cada judeu realmente deseja ir. Surpreendentemente, jamais se fez qualquer levantamento ou pesquisa! A Agência Judaica para a Palestina impediu-o.

Há pouco tempo, numa conferência de imprensa, alguém perguntou ao Comandante Militar norte-americano na Alemanha o que lhe dava tanta certeza de que todos os judeus quisessem ir para a Palestina. Sua resposta foi simples: "Fui informado por meus assessores judeus". Admitiu que não houvera qualquer votação ou levantamento. Houve preparativos para uma pesquisa, mas a Agência Judaica para a Palestina fez parar tudo.

A verdade é que os judeus, nos campos de concentração alemães, estão hoje sob intensa pressão de uma campanha sionista, por métodos aprendidos do terror nazista. É perigoso, para qualquer judeu, declarar que prefere outro destino que não seja a Palestina. Estas vozes dissonantes têm sofrido espancamentos severos e castigos ainda piores.

Também há pouco tempo, na Palestina, cerca de 1.000 judeus austríacos informaram à organização internacional de refugiados que gostariam de voltar à Áustria e já se planejava o seu repatriamento. Mas a Agência Judaica para a Palestina soube destes planos e aplicou forte pressão política para que o repatriamento não acontecesse. Seria má propaganda, contrária aos interesses sionistas, que houvesse judeus interessados em deixar a Palestina. Os cerca de 1.000 austríacos ainda estão lá, contra a vontade deles.

O fato é que a maioria dos judeus europeus são ocidentais, em termos de cultura e práticas de vida, com experiência e hábitos urbanos. Não são pessoas das quais se deva esperar que assumam o trabalho de pioneiros, na terra dura, seca, árida da Palestina.

Mas é verdade, sim, pelo menos um fato. Como estão postas hoje as opções, a maioria dos judeus europeus refugiados, sim, votarão por serem mandados para a Palestina, simplesmente porque sabem que nenhum outro país os acolherá.

Se os senhores ou eu tivermos de escolher o campo de prisioneiros mais próximo, para ali vivermos a vida que nos reste, ou a Palestina, sem dúvida também escolheríamos a Palestina.

Mas dêem alternativas aos judeus, qualquer outra possibilidade, e vejam o que acontece!

Contudo, nenhuma pesquisa ou escolha terá alguma utilidade, se as nações do mundo não se mostrarem dispostas a abrir suas portas - um pouco, que seja - aos judeus. Em outras palavras, se, consultado, algum judeu disser que deseja viver na Suécia, a Suécia deverá estar disposta a recebê-lo. Se escolher os EUA, os senhores terão de permitir que venha para cá.

Qualquer outro tipo de consulta ou pesquisa será farsa. Para os judeus desesperados, não se trata de pesquisa de opinião: para eles, é questão de vida ou morte. A menos que tenham certeza de que sua escolha significará alguma coisa, os judeus continuarão a escolher a Palestina, para não arriscarem o único pássaro que já têm em mãos, por tantos que voam tão longe.

Seja como for, a Palestina já não pode aceitar mais judeus. Os 65 mil que havia na Palestina em 1918, saltaram hoje (em 1947) para 600 mil. Nós árabes também crescemos, em número, e não por imigração. Os judeus eram apenas 11% da população, naquele território. Hoje, são um terço.

A taxa de crescimento tem sido assustadora. Em poucos anos - a menos que o crescimento seja detido agora - haverá mais judeus que árabes, e seremos significativa minoria em nossa própria terra.

Não há dúvida de que o planeta é rico e generoso o bastante para alocar 200 mil judeus - menos de um terço da população que a Palestina, minúscula e pobre - já abriga. Para o resto do mundo, serão mais alguns. Para nós, será suicídio nacional.

Dizem-nos, às vezes, que o padrão de vida árabe melhorou, depois de os judeus chegarem à Palestina. É questão complicada, dificílima de avaliar.

Mas, apenas para argumentar, assumamos que seja verdade. Neste caso, talvez fôssemos um pouco mais pobres, mas seríamos donos de nossa casa. Não é anormal preferirmos que assim seja.

A triste história da chamada Declaração de Balfour, que deu início à imigração dos sionistas para a Palestina, é complicada demais para repeti-la aqui, em detalhes. Baseia-se em promessas feitas aos árabes e não cumpridas - promessas feitas por escrito e que não se podem cancelar.

Declaramos que aquela declaração não é válida. Declaradamente negamos o direito que teria a Grã-Bretanha de ceder terra árabe para ser "lar nacional" de um povo que nos é completamente estranho.

Nem a sanção da Liga das Nações altera nossa posição. Àquela altura, nenhum país árabe era membro da Liga. Não pudemos dizer sequer uma palavra em nossa defesa.

Devo dizer - e, repito, em termos de franqueza fraterna -, que os EUA são quase tão responsáveis quanto a Grã-Bretanha, por esta Declaração de Balfour. O presidente Wilson aprovou o texto antes de ser dado a público, e o Congresso dos EUA aprovou-o, palavra por palavra, numa resolução conjunta de 30 de junho de 1922.

Nos anos 1920, os árabes foram perturbados e insultados pela imigração dos sionistas, mas ela não nos alarmou. Era constante, mas limitada, como até os sionistas pensavam que continuaria a ser. De fato, durante alguns anos, mais judeus deixaram a Palestina, do que chegaram - em 1927, os que partiram foram o dobro dos que chegaram.

Mas dois novos fatores, que nem os britânicos nem a Liga nem os EUA e nem o mais fervoroso sionista considerou, começaram a pesar neste movimento, no início dos anos 30, e fizeram a imigração subir a patamares jamais imaginados. Um, foi a Grande Depressão mundial; o outro, a ascensão de Hitler.

Em 1932, um ano antes de Hitler tomar o poder, só 9.500 judeus chegaram à Palestina. Não os consideramos bem-vindos, mas não tememos que, àquele ritmo, ameaçassem nossa sólida maioria árabe. Mas no ano seguinte - o ano de Hitler -, o número saltou para 30 mil. Em 1934, foram 42 mil! Em 1935, 61 mil!

Já não era a chegada ordeira de idealistas sionistas. Em vez disto, a Europa jorrava sobre nós levas de judeus assustados. Então, sim, afinal, nos preocupamos. Sabíamos que, a menos que se detivesse aquele fluxo gigantesco, seria a catástrofe para nós, os árabes, em nossa pátria palestina. Ainda pensamos assim.

Parece-me que muitos norte-americanos crêem que os problemas da Palestina são remotos, que estão muito distantes deles, que os EUA nada têm a ver com o que lá acontece, que o único interesse dos EUA é oferecer apoio humanitário.

Creio que os norte-americanos ainda não viram o quanto, como nação, são responsáveis em geral por todo o movimento sionista e, especificamente, pelo terrorismo de hoje. Chamo-lhes a atenção para isto, porque tenho certeza de que, se se aperceberem da responsabilidade que lhes cabe, agirão com justiça e saberão admiti-la e assumi-la.

Sem o apoio oficial dos EUA ao Lar Nacional preconizado por Lorde Balfour, as colônias sionistas seriam impossíveis na Palestina, como seria impossível qualquer empreitada deste tipo e nesta escala, sem o dinheiro norte-americano. Este dinheiro é resultado da contribuição dos judeus norte-americanos, num esforço pleno de ideais, para ajudar outros judeus.

O motivo foi digno: o resultado foi desastroso. As contribuições foram oferecidas por indivíduos, entidades privadas, mas foram praticamente, na totalidade, contribuições de norte-americanos, e, como nação, só os EUA podem responder por elas.

A catástrofe que estamos vivendo pode ser deposta inteira, ou quase inteira, à porta de suas casas. Só o governo norte-americano, voz quase única em todo o mundo, insiste que a Palestina admita mais 100 mil judeus - depois dos quais incontáveis outros virão. Isto terá as mais gravíssimas conseqüências e gerará caos e sangue como jamais houve na Palestina.

Quem clama por esta catástrofe - voz quase única no mundo - são a imprensa dos EUA e os líderes políticos dos EUA. É o dinheiro dos EUA, quase exclusivamente, que aluga ou compra os "navios de refugiados" que zarpam ilegalmente para a Palestina: as tripulações são pagas com dinheiro dos EUA. A imigração ilegal da Europa é montada pela Agência Judeus Americanos, que é mantida quase exclusivamente por fundos norte-americanos. São dólares norte-americanos que mantêm os terroristas, que compram as balas e as pistolas que matam soldados ingleses - aliados dos EUA - e cidadãos árabes - amigos dos EUA.

Surpreendeu-nos muito, no mundo árabe, saber que os norte-americanos admitem que se publiquem abertamente nos jornais anúncios à procura de dinheiro para financiar aqueles terroristas, para armá-los aberta e deliberadamente para assassinarem árabes. Não acreditamos que realmente estivesse acontecendo no mundo moderno. Agora, somos obrigados a acreditar: já vimos estes anúncios com nossos próprios olhos.

Falo sobre tudo isto, porque só a franqueza mais completa pode ser-nos útil. A crise é grave demais para que nos deixemos deter por alguma polidez vaga, que nada significa.

Tenho a mais completa confiança na integridade de consciência e na generosidade do povo norte-americano. Nós, árabes, não lhes pedimos qualquer favor. Pedimos apenas que ouçam, para conhecer a verdade inteira, não apenas metade dela. Pedimos apenas que, ao julgarem a questão palestina, ponham-se, todos, no lugar em que estamos, nós, os palestinos.

Que resposta dariam os norte-americanos, se alguma agência estrangeira lhes dissesse que teriam de aceitar nos EUA muitos milhões de estrangeiros - em número bastante para dominar seu país - meramente porque eles insistem em vir para os EUA e porque seus ancestrais viveram aqui há 2.000 anos?Nossa resposta é a mesma.

E o que farão os norte-americanos ,se apesar de terem-se recusado a receber esta invasão, uma agência estrangeira começar a empurrá-los para dentro dos EUA?Nossa resposta será a mesma.

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Rei Abdállah I - "As the Arabs see the Jews". The American Magazine, novembro, 1947. E na internet, em http://politics.propeller.com/story/2006/08/03/as-the-arabs-see-the-jews/, em inglês, com a seguinte introdução: "Esse fascinante ensaio, escrito pelo avô do rei Hussein, Rei Abdállah I, foi publicado nos EUA seis meses antes do início da Guerra de 1948, entre israelenses e palestinenses".

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Eguinha Pocotó e seus maridos.

Esses dias ao me deparar com mais uma notícia sobre a Gretchen fiquei  pensando o porquê da preferência da imprensa pela vida desta atriz/dançarina? Poi afinal de contas, por que ninguém mais fala de outras ex beldades apagadas, tipo a Tiazinha ou mesmo a Feiticeira? Pensei, pensei e conclusão alguma eu cheguei.  Mas por outro lado, sem razão aparente,  fez me descobrir o destino de um dos maiores hits do funk do fim dos anos 2000: Eguinha Pocotó.

Após a fama, e depois de muita reflexão, a pequena Égua chegou a conclusão de que não valia mais a pena seguir com o Jumento e o Cavalinho e os deixou. Assim, mesmo com os dois desesperados, suplicantes por uma segunda chance, a Eguinha foi categórica, bateu a patinha no chão com empáfia e sentenciou o fim da relação dos três com um seco e frio "Acabou".

A eguinha funkera merecia coisa melhor. Estava cansada de pangarés. Não adiantou o Jumento prometer que largaria o trabalho rural ou o cavalinho prometer que largaria o circo. Eles simplesmente não faziam mais a cabeça dela e menos ainda o coração.  O Jumento e o Cavalinho entraram em depressão, tornaram-se assíduos em bares e custaram a aceitar a separação.

A srta. Pocotó, por outro lado, tão logo mudou seu status de relacionamento para solteira em suas redes sociais, começou a ser cortejada insistentemente por vários pretendentes. Mas antes de escolher qual o felizardo que juntaria as ferraduras com ela, como boa periguete que era, resolveu pegar geral - e pegou.  

Assim, por sua baia passaram  tipos como o Cavalo de Troia (a quem, entre gritinhos histéricos e pulinhos, chamava de "meu Deus Grego"), mas também o SeabiscuitMaximusBurro (amigo do Sherek, este affair inclusive rendeu um barraco num shooping da capital, quando ela se encontrou com o Dragão da mulher dele), Pégasus (que ela mais tarde despachou por ser muito aéreo), Tornado e etc...  

Porém, foram apenas dois dos inúmeros pretendentes que realmente caíram nas graças da musa do funk: Cavalo de Fogo e o famoso Corceu Negro. Nestes dois casos, não teve jeito, sucumbiu apaixonadamente ao assédio dos dois garanhões. 

Mas uma dúvida cruel começou a palpitar no coraçãozinho da pusilâmine equina, pois com qual deles ela deveria ficar? Afinal de contas, os Cavalões tinham um orgulho maior que do seus antigos companheiros. Não aceitariam uma relação a três. Então, por não saber com qual deles prosseguir, resolveu por um tempo sair com os dois, sem que nenhum soubesse do outro. A ideia era que apenas algumas poucas saídas bastariam para ela se decidir. Só que essas poucas saídas viraram muitas, depois se transformaram em passeios, jantares, cinema, viagens para serra, viagens para praia, isso sem que nenhum dos dois jamais desconfiasse de nada.

Até hoje não sabem. 

Já o Jumento e o Cavalinho,  pararam de beber e começaram a participar das reuniões do  CADA "Cavalos que amam demais", embora tenham alcançado sucessos significativos, ainda não conseguiram alterar o seus status "em relacionamento sério".

E a Eguinha? Pocotó, pocotó, pocotó. 

domingo, 24 de junho de 2012

Eleições nos EUA


Sempre que alguma eleição se avizinha e principalmente logo que termina, sempre surge um analista para explicar o significado da eleição deste ou daquele candidato com a expressão " o recado das urnas". É uma boa expressão. Seja porque com poucas palavras expressa muito, seja porque soa bem. Em resumo, "o recado das urnas" expressaria o que os eleitores querem do governo e também aquilo que não querem. Isso frequentemente assume vários significados. A eleição de Obama em 2008 é um bom exemplo disso.

O significado mais evidente da eleição de Obama foi uma vitória contra o racismo.  Os menos evidentes, mas não menos importantes, foram uma vitória contra a xenofobia (Obama é filho de um queniano e chegou a ser "acusado" de nem ter nascido nos EUA), uma vitória contra os obscurantistas que defendem o ensino do Criacionismo, uma vitória contra a total desregulamentação da economia promovida pelos anos Bush. Enfim, a vitória de Obama significou diversas coisas, até mesmo, parece, a derrota do Partido Republicano (peço licença para a piadinha, por mais sem graça que possa ser).

Bem, de todos os significados que possa ter assumido a eleição de Obama, o que mais me chamou atenção, foi aquele que expressava um certo pedido de desculpas ao resto do mundo pelos Estados Unidos terem eleito e reeleito Bush.

Quando Mitt Romney despontou nas primeiras pesquisas a frente de Obama, pareceu que os "irmãos do norte" estavam dispostos a revogar o pedido de perdão ao mundo, estavam arrependidos de terem reconhecido que erraram. Esse pode ser o recado que as urnas talvez expressem em Novembro. Mas felizmente não deve ser. A última pesquisa coloca Obama bem a frente. 

O Romney em si nem é tão ruim, para um republicano. Assim como o Obama em si nem é tão bom (cade o fim do embargo a Cuba?). Claro, parte da esquerda acredita que tanto faz um como outro. Não percebo dessa maneira. Depois de Bush, democratas e republicanos se distanciaram alguns palmos no espectro ideológico, ao menos é o  que parece. Há quem diga, que na verdade os dois partidos são quatro, se considerar as polarizações de cada partido. Romney claramente não é extremista como Bush, Sarah Palin ou Santorum. Mas é republicano, e isso o coloca, mesmo que ele não queira, como o contrário a tudo o que a vitória do Obama significou, inclusive o pedido de desculpas ao resto do mundo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O governo Dilma precisa do PR?

Saudações devotos de Baco!

Há tempos não escrevo. Mas hoje me inspirei. Vai lá uma pequena análise sobre esta crise com o PR. Aliás, sobre a crise em si clique aqui.

Bom, o PR está chiando quanto a escolha do novo Ministro dos Transportes. Queimaram o filme e querem dar as cartas. Ameaçam se rebelar caso a Dilma não indique um dos três ministeriáveis que julgam pertinentes para ocupar o posto. Dilma, dama de ferro que é, não aceitou de prima. No que faz muito bem.  Mas a pergunta é: Será mesmo que o governo precisa do PR em sua base aliada?

Do ponto de vista programático,  claro que não. O PR nem de longe é um partido de esquerda ou mesmo de centro. É direitão mesmo, só a indicação de um ex-carlista ao Ministério dos Transportes já é uma boa evidência disso. Bom, então desse ponto de vista, a resposta é óbvia, deixa o PR se rebelar... Mas fosse tão simples assim - construir e manter uma coalizão apenas por laços ideológicos - é provável que o PR já nem tevesse participado da formação do governo e mesmo da coligação eleitoral em 2010.

Então a resposta deve ser o tamanho da bancada.  Segundo este link do Estadão o PR tem 41 deputados, em uma base governista de 352 deputados. Tem 4 senadores dos 52 pró-Dilma.

No Senado 4 parlamentares fazem falta em votações apertadas, polêmicas, onde alguns partidos da base aliada podem romper com o governo. E isso por si só, já vale um esforço do governo em manter o PR.

Mas a força do PR, como visto acima, está mesmo é na Câmara dos Deputados. Descontados os deputados dos "republicanos" ainda assim o governo conseguiria aprovar leis ordinárias ou complementares. Apesar de poder prescindir do PR, tal como no Senado, essa bancada poderia fazer falta em aprovação de leis onde algum dos demais partidos da base aliada se insurgissem, nomeadamente naqueles projetos de lei de grande repercussão pública.

Além disso, se o governo Dilma pretende alçar mudanças mais profundas no país, necessariamente vai precisar alterar a Constituição Federal. Uma PEC, como se sabe, para ser aprovada necessita de 2/3 de cada casa no Congresso para sua aprovação. Nesse ponto, fica evidente que o PR faz falta.

Mas não é só de apoio parlamentar que se trata. O PR e o PT sabem disso. Trata-se também do apoio eleitoral. O PT precisa da aliança do PR para vencer eleições. O Partido Republicano se mostrou um aliado de primeira hora, tanto nas eleições como nas votações do Congresso, mesmo estando no espectro político oposto ao do PT. Além disso, pode se argumentar que a construção/manutenção de uma coalizão com partidos de campos políticos distintos implica um tipo de consenso entre as partes que inibe o extremismo de eventuais decisões governamentais e se torna saudável a democracia.

Então, a resposta é óbvia, o governo Dilma precisa do PR. Minha opinão é que ceda ao PR na indicação de um dos três ministeriáveis republicanos. Destes três, o único que não me agrada é o César Borges. Mas fosse eu do governo, sugeriria que o PR mesmo definisse o substituto de Nascimento, e que se repeitasse a decisão do partido. A contrapartida dos republicanos seria manter como secretario-executivo o ministro interino Paulo Sérgio Passos - e tenho dito!

Saudações Dionisíacas

Obs: Para algum corajoso que tenha lido este post, sugira um nome ao Alfredo Nascimento também.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre a fusão Pão de Açucar e Carrefour

Sobre a fusão Pão de Açucar e Carrefour, e a participação do BNDS no negócio, uma excelente análise, que retirei do excelente blog do Brizola Neto.



Saudações Dionisíacas

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Marcha da Maconha

Os organizadores da Marcha da Maconha estão precisando de doações para promover a marcha em 17 cidades brasileiras.
Segue o link para maiores informações: http://blog.marchadamaconha.org/sos-marcha-da-maconha_1939
A novidade é que segundo o site sul 21, já há gente no governo discutindo a liberação da maconha. Clique aqui para mais detalhes sobre isto.

Saudações Dionísiacas

domingo, 24 de abril de 2011