A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.
Ontem, dia 18 de junho de 2010, o mundo perdeu José Saramago. Dessa rota despediu-se, iniciando uma nova viagem que, para quem fica, é significado de lembrança e saudade.
Um comentário:
Talvez o facto mais triste deste ano. Belíssima e merecidíssima homenagem.
Jefferson de Morais
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