Pois é, acordei hoje, com sono, com clima chuvoso (pra variar), com um monte de coisas para fazer, com prazo esgotando, as pessoas não cooperando (algumas cooperam sempre, ainda bem que elas existem)... Pois é, acordei estressado, correndo e, em algum momento, liguei a televisão, mais precisamente na “GloboNews”. Não prestei atenção, apenas escutei algo sobre ENEM e julguei ouvir o termo “adiamento”. De qualquer forma, eu tinha muito o que fazer e já estava atrasado, saí sem procurar saber mais a respeito.
Cerca de duas horas mais tarde cheguei em casa e me deparei com meu irmão, guri de dezoito anos, estudando para entrar na Universidade, mais um que, como a grande maioria dos brasileiros, não teve condições de freqüentar qualquer “cursinho” (condições que felizmente eu tive); em suma, trata-se de um jovem (mais um) que se esforçou contando apenas com o apoio da família e do que acumulou nos seus anos de escola pública (no caso dele, e meu também, muito boa por sinal). No momento que entrei na casa ele estava vidrado na televisão, e com o “Google” aberto na sessão de notícias. Nem precisei perguntar o motivo da atenção excessiva, estava escrito na tela do pc: “O ENEM foi adiado, suspeita de vazamento da prova”.
Caramba!! Isso é grave! Muito grave!
Que mais eu poderia dizer? A prova “vazou”, imaginem se houvesse sido realizada? Os prejuízos seriam totais para o MEC. Logo o Ministério que, em minha opinião, foi o que contou com a melhor escolha por parte desse governo no que diz respeito aos cargos de Ministro. Sempre considerei o Fernando Haddad excelente, ainda mais depois de o Brasil ter passado por um tal de “Paulo Renato” (sucateiro). Todas as mudanças no processo seletivo correriam o risco de irem por água abaixo, e foram mudanças formidáveis, que democratizaram muito o acesso ao ensino superior (dúvida? Basta observar os olhos injetados de raiva dos filhinhos de mamãe que esperavam passar sem concorrência para a Universidade, aliás, esse é o argumento que usam para dizer que tal mudança não democratizou o acesso... sinceramente, para mim, soa sem sentido).
Enfim, foi exatamente quando pensei em tudo isso que me veio o habitual estalo na cuca, aquela desconfiança da situação. Com isso fui fazer o que todo ser racional deve fazer: procurar saber mais detalhes. E o resultado foi de tal forma esclarecedor para mim que toda e qualquer surpresa desaparece do meu semblante.
Analisando as informações que nos são disponibilizadas (pelo governo e pela imprensa lixo de nosso país) separo alguns dados interessantes. Em primeiro lugar, geralmente, quando alguém rouba uma prova (e isso, infelizmente, acontece com alguma freqüência) o faz para obter vantagem, para conseguir aprovação, uma colocação que lhe garanta o objetivo auferido quando o infeliz ladrãozinho (ou quem pagou pelo furto, o que, pra ser sincero, não muda muita coisa, continua sendo infeliz ladrãozinho) se inscreveu na tal avaliação. Mas nesse caso especificamente o IL (infeliz ladrãozinho) procurou o jornal Estado de São Paulo, que é um jornal da grande imprensa (pensem o que quiserem disso), por meio do contato com uma jornalista desse veículo de comunicação. Para desgraça de IL a tal repórter, não satisfeita em não pagar os quinhentos mil que IL pediu PARA FORNECER MATERIAL PARA REPORTAGEM, ligou para o Ministro Haddad, relatando o ocorrido e lhe enviando fortíssimos indícios que a prova havia sido furtada. Bom, notam-se algumas coisas estranhas nisso, primeiramente IL estava mais interessado (além do dinheiro) em que o jornal o Estado de São Paulo veiculasse isso como reportagem. Ora, que ladrão (além dos aloprados serial killers) furta, pede pouco (500mil não é suficiente para arriscar tanto assim) e ainda faz de tudo para virar notícia? Outro detalhe importante: IL teria dito, com todas as palavras, para a repórter (repórter responsável devo dizer, o que me impressionou positivamente) que “era coisa séria, que derruba o Ministério”.
Assim, não tenho como fugir de uma suspeita, agora mais clara e menos impressionante (porque é normal aqui no Brasil alguns “grupos” – pra não chamar de cambada – trabalharem com pequenos golpes com finalidades políticas). Parece-me óbvio que IL tinha interesse na queda do Ministério e mais, ao que tudo indica, o mandante do ato (que obviamente não é o IL que estava com a prova na mão) não deve ter pagado IL com suficiente generosidade, visto que a ganância dele diminuiu o estrago provocado pela “operação”.
Logo, passo para outra possibilidade aqui na minha brincadeira de investigador: Talvez IL1 (vamos numerá-los) seja apenas um pobre coitado (ta, um pobre coitado com casa, carro, mas nada demais...) que tenha botado o seu na reta e resolveu ganhar algum com isso. Com certeza, se a possibilidade de cima for confirmada, existem alguns outros IL’s, vamos chamá-los de IL2. Pois agora IL2 deve estar se perguntando se o estrago foi suficiente, pois estamos perto de eleição e o fracasso do ENEM é do interesse de muita gente graúda. Afinal, quem está preocupado com o povo, com os estudantes?
Enquanto isso a Imprensa Porca já iniciou o seu trabalho, afinal, estranhamente, um dos argumentos dos contrários à mudança do processo seletivo (todos muito estudados, e estabelecidos na vida) era exatamente o de que iriam furtar as provas. Mas esse detalhe não interessa a imprensa marrom brasileira, a sincronia é assustadora, agora, pouco mais das 14h, já veicularam imagens e mais imagens de estudantes, todos filhos de famílias distintas, bufando de raiva que não haveria a prova. Sempre dizendo que o ocorrido só se deu por causa das mudanças no ENEM...
Sei lá, pra mim isso é muito estranho, parece até filme ruim americano...
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