Sempre que alguma eleição se avizinha e principalmente logo que termina, sempre surge um analista para explicar o significado da eleição deste ou daquele candidato com a expressão " o recado das urnas". É uma boa expressão. Seja porque com poucas palavras expressa muito, seja porque soa bem. Em resumo, "o recado das urnas" expressaria o que os eleitores querem do governo e também aquilo que não querem. Isso frequentemente assume vários significados. A eleição de Obama em 2008 é um bom exemplo disso.
O significado mais evidente da eleição de Obama foi uma vitória contra o racismo. Os menos evidentes, mas não menos importantes, foram uma vitória contra a xenofobia (Obama é filho de um queniano e chegou a ser "acusado" de nem ter nascido nos EUA), uma vitória contra os obscurantistas que defendem o ensino do Criacionismo, uma vitória contra a total desregulamentação da economia promovida pelos anos Bush. Enfim, a vitória de Obama significou diversas coisas, até mesmo, parece, a derrota do Partido Republicano (peço licença para a piadinha, por mais sem graça que possa ser).
Bem, de todos os significados que possa ter assumido a eleição de Obama, o que mais me chamou atenção, foi aquele que expressava um certo pedido de desculpas ao resto do mundo pelos Estados Unidos terem eleito e reeleito Bush.
Quando Mitt Romney despontou nas primeiras pesquisas a frente de Obama, pareceu que os "irmãos do norte" estavam dispostos a revogar o pedido de perdão ao mundo, estavam arrependidos de terem reconhecido que erraram. Esse pode ser o recado que as urnas talvez expressem em Novembro. Mas felizmente não deve ser. A última pesquisa coloca Obama bem a frente.
O Romney em si nem é tão ruim, para um republicano. Assim como o Obama em si nem é tão bom (cade o fim do embargo a Cuba?). Claro, parte da esquerda acredita que tanto faz um como outro. Não percebo dessa maneira. Depois de Bush, democratas e republicanos se distanciaram alguns palmos no espectro ideológico, ao menos é o que parece. Há quem diga, que na verdade os dois partidos são quatro, se considerar as polarizações de cada partido. Romney claramente não é extremista como Bush, Sarah Palin ou Santorum. Mas é republicano, e isso o coloca, mesmo que ele não queira, como o contrário a tudo o que a vitória do Obama significou, inclusive o pedido de desculpas ao resto do mundo.